Qual será a cor da virada?
Julianne Nóbrega
Rodrigo Cartaxo
Todo final de ano, como parte do encerramento de um ciclo,
buscamos refletir nas coisas que aconteceram e na esperança para o que virá,
dedicando todo nosso agradecimento ao Senhor, em razão do derramanento de sua
graça.
Assim, uma vez que fazemos isso para glória de Deus, nada
mais justo que examinemos se nossas ações transmitem essa mesma intenção, sem
nos deixarmos levar pelas modas e costumes das pessoas que nos cercam. Esses
costumes, que podem parecer tão inofensivos a uma primeira vista, não o são
para nós, que temos responsabilidade para com Aquele que nos deu a vida.
Nessas idas e vindas de ano novo, portanto, quando é muito
comum observar os brasileiros usando cores específicas para a famosa virada de
ano, sejam roupas brancas, vermelhas, amarelas ou verdes - cada uma fazendo
alusão a algum sentimento ou bem esperado para o próximo ano - é importante
refletir sobre a seguinte pergunta: de onde vem essa "tradição"?
A origem desse ritual e confiança nas cores, que magicamente
atrairão "vibes" positivas para o próximo ano (paz, prosperidade,
amor, esperança) pelo seu simples uso na virada, remonta diretamente ao
sincretismo religioso. Sincretismo somente, não. Uma verdadeira miscelânea
religiosa!
No Brasil, onde é mais latente a crença nessa
"tradição", também é muito comum (infelizmente) vermos as pessoas
comemorando o ano novo pulando 7 ondas do mar, sem se lembrar a quem estão
adorando ao seguir tal crença, que é nada mais e nada menos que Iemanjá, deusa
africana iorubá (Nigéria) incorporada à história do Brasil pela Umbanda e
Candomblé. A cor branca é uma referência, neste caso, às profetisas e devotas
dessa religião, que usam tais cores nos rituais de passagem de ano, entre
outras situações, e que acabaram por influenciar o seu uso por todo tipo de
gente que, como elas, tem o mar como palco da celebração da virada.
As demais cores, além de apontarem a presença de
superstições que não condizem com a fé no Deus de todas as coisas e a quem
pertence o futuro, também encontram lastreio nessas mesmas fontes religiosas.
E por que no Brasil é mais comum observarmos esse costume?
Como foi dito anteriormente, vivemos num país com uma miscelânea de religiões
que remotam desde à época do período colonial e pós colonial, em que a igreja
católica, semelhantemente ao que fez com os povos germânicos, celtas e
normandos, adaptou seus santos aos deuses pagãos, para angariar novos
"convertidos".
Será que a difusão desse costume nas vestimentas, de forma
tão sutil, não tem a mesma intenção nos dias de hoje?
Se você respondeu positivamente, verifique que difundir
práticas destinadas a cultuar outros deuses e apostar em superstições nesse
período de festa, dessa forma, mesmo que indiretamente e sem intenção
declarada, pode deturpar nosso louvor a Deus e causar a impressão errada.
Não está se dizendo aqui, entretanto, que você não pode usar
o branco no ano novo ou outra cor que goste de utilizar - afinal, Deus é Senhor
sobre todas as cores e todos os outros ídolos são nada, assim como fomos
verdadeiramente libertos por meio de Cristo - mas que a escolha proposital do
branco (ou uma cor específica) como uma necessidade ou uma mensagem para o ano
novo é devidamente equivocada. Acaso é necessário relembrar o leitor sobre as
Escrituras de que há um só Deus, não terás outros deuses (Ex. 20.3-4), e que o
Senhor é o arrimo da nossa sorte (Sl 16:5)?
Voltemos, assim, nossa esperança ao Senhor, não aos
eventuais significados das cores, porque esses remontam à adoração velada a
outros deuses, para a qual não devemos ser confundidos como participantes.
Esse momento faz relembrar, oportunamente, do que Paulo
escreveu aos Coríntios (I Cor. 10:14-32), exortando-os (e a nós) a fugir da
idolatria, não participando dos sacrifícios ou comer das comidas oferecidas aos
demônios, pois "tudo me é lícito, mas nem tudo convém". Ao mesmo
tempo, Paulo nos lembra que não sejamos pedra de tropeço e tenhamos sabedoria
em nossa liberdade de consciência (I Cor. 8:9), para que possamos pensar sobre
esse momento da virada de ano.
Assim, meus irmãos, oremos ao Senhor para que Ele nos dê
sabedoria e nos ajude a refletir: se você está pensando em usar o branco hoje a
noite ou qualquer outra cor com uma ideia de que ela trará algum benefício (ou
para estar igual a outras pessoas que cultuam Iemanjá), é conveniente ao irmão
o seu uso?
Que Deus nos abençoe e nos guie.
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