ESTUDO Nº 04 – Capítulo 2 de Hebreus (por Presb. Rubens Cartaxo)




APLICAÇÃO E ADVERTÊNCIAS PRÁTICAS (2. 1-4): Esta é a primeira das advertências práticas que o autor de Hebreus faz a seus leitores em vista do que fora dito anteriormente.

Seu alerta veemente chama a atenção para o fato de que a nova Revelação em Cristo Jesus deve ter a máxima atenção de seus ouvintes e, dado o seu caráter superior, é mais obrigatória do que a da obediência à lei de Moisés. Aqui há uma comparação entre a antiga revelação (lei de Moisés) e a nova revelação (Jesus). Se na antiga revelação os pecados de comissão (transgressão) e os de omissão (não dar ouvidos) implicava no justo castigo (v.2), pergunta o autor, como haverá escapatória para aquele que negligenciar a nova revelação, que é uma revelação de salvação (v.3)? 

Mais uma vez o autor ressalta a superioridade de Cristo diante dos anjos. A antiga revelação foi feita mediante anjos, que eram os mensageiros de Deus, porém a nova revelação foi feita mediante o Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, Jesus! Isso é importante porque na cosmologia judaica, os anjos ocupam um lugar destacado, acima dos homens, daí a insistência do autor sacro em repisar que Jesus é superior aos anjos.

No v.4 o autor deixa claro que a revelação em Jesus foi confirmada por Deus através de sinais, prodígios e dons do Espírito Santo, distribuídos segundo a Sua vontade, e não segundo a vontade do homem.

Conclui-se que negligenciar essa mensagem trazida por Jesus é muito mais grave do que negligenciar a mensagem de Moisés, pois há a certeza de um julgamento vindouro (como escaparemos, se negligenciarmos tão grande salvação? V.2 NVI)

ENCARNAÇÃO, SOFRIMENTO E MORTE DO FILHO DE DEUS (2.5-18): Neste trecho, o autor volta a insistir na superioridade de Jesus frente aos anjos. Para os judeus isso era um paradoxo, pois em sua cosmologia, como dito acima, os anjos eram superiores aos homens. O Cristianismo sempre proclamou que Jesus era homem e que sofreu e morreu. Como poderia então ser superior aos anjos?

A resposta a esta pergunta está no v.9, no qual é dito que Jesus foi coroado de honra e glória, e que Sua morte ocorreu em favor dos homens. Os judeus sabiam da promessa do “Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” e que esse cordeiro jamais poderia ser um anjo. O v. 10 completa o pensamento iniciado no v.9 e deixa claro que Jesus é o autor da salvação dos homens.

Tudo isso já fora anteriormente antecipado nas Excrituras – Salmo 8. Trata-se de um salmo profético a respeito de Jesus, o qual assegura que Deus sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés. 

O autor de Hebreus ressalta o mistério de Jesus ser ao mesmo tempo 100% homem e 100% Deus. Como homem perfeito e sem pecado, qualificou-se a ser o autor da nossa salvação através do seu sofrimento e sua morte vicária (vigário ou vicário, do latim vicario, “aquele que faz as vezes de outrem”, “substituto” – ou seja, Jesus nos substituiu na cruz, morreu em nosso lugar). Como Deus, é capaz de nos santificar e de nos salvar.

Os v.14-18 são riquíssimos em demonstrar a identificação de Jesus com a humanidade, bem como em demonstrar como, através de Sua morte, Jesus rompeu a escravidão a que estávamos sujeitos (escravos do pecado e do diabo). Ressalta, ainda, que Sua morte não foi em favor de anjos, mas em favor dos “descendentes de Abraão”. 

A identificação de Jesus com a humanidade foi absoluta, à exceção do pecado, e tal identificação o qualificou a ser o sumo sacerdote perfeito, o único que poderia “fazer a propiciação pelos pecados do povo” (v.17) (propiciação: tornar Deus propício; desviar a ira de Deus por causa dos pecados e removê-los).

Ainda mais: em vista de Jesus ter sofrido o que sofreu e como sofreu, Ele é capaz de nos socorrer no momento de nossas tentações (I Co 10.13).

Conclusão: O autor alerta seus leitores a considerarem o perigo de negligenciar a revelação em Jesus, visto a certeza do julgamento vindouro. Alerta que a revelação em Jesus é superior à revelação vinda de Moisés através dos anjos, posto que Jesus é superior aos anjos e é o Deus-homem, perfeitamente identificado com a humanidade e absolutamente capaz de operar a salvação.

Na próxima semana continuaremos nossos estudos. Não perca. Continue nos acompanhando. Até lá.
 

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