
Vamos
iniciar uma sucinta exposição da Epístola aos Hebreus, carta que tem uma
relevância enorme para os nossos dias, quando vemos a igreja evangélica ser
inundada por elementos rituais da Antiga Aliança, rituais esses que tiveram seu
papel e lugar até a vinda de Jesus, que apontavam para Jesus. Completando-se a
revelação com Jesus, esses rituais deixaram de ter sentido, como é o caso dos
sacrifícios no templo, que cessaram há quase 2.000 anos.
Acompanhe-nos,
você vai ficar sabendo de muitas coisas interessantes.
ESTUDO
Nº 1: INTRODUÇÃO
AUTOR: Muito embora
vários nomes tenham sido sugeridos ao longo da História como possíveis autores
da Epístola aos Hebreus, o fato é que para nenhum deles há uma certeza que o
afirme e elimine as possibilidades dos demais. Assim, é mais prudente dizer
como Eusébio, citando Orígenes: “Só Deus sabe quem realmente escreveu a
Epístola (Hebreus)” (História
Eclesiástica 6.25).
Desde a Antiguidade a questão da autoria
da epístola é controversa. Já na parte ocidental do Império, a autoria paulina
a princípio nunca foi reconhecida. Tertuliano
(c. 155-220) sugeriu como autor Barnabé.
Tal reivindicação, porém, acabou não se sustentando no ocidente, que, pouco
antes do ano 400, aceitou a autoria paulina.
Outras sugestões também ocorreram: Lutero sugeriu o nome de Apolo. Outros ainda indicaram o nome de
Lucas. Adolph Harnack, historiador do séc. XIX indica o nome de Priscila, esposa de Áquila, enquanto
outros indicam a autoria dupla de Priscila
e Aquila.
DATA E OCASIÃO: Embora seja
impossível determinar uma data exata, há possibilidade de se definir um período
durante o qual a epístola foi escrita.
A primeira citação à Epístola aos
Hebreus é feita por Clemente de Roma
(c. 95). O autor não se refere à destruição do Templo de Jerusalém, que ocorreu
em 70 d.C. Este fato é crucial, visto que a epístola trata justamente dos
rituais judaicos que eram executados no Templo. Não havendo referência à
destruição, depreende-se que a carta foi escrita antes do ano 70. O autor usa
os verbos no presente em Hb 10.11 (“a exercer”, “a oferecer”) ao se referir ao
ministério dos sacerdotes no templo de Jerusalém e Timóteo ainda estava vivo
(Hb 13.23).
Outros dados são fornecidos pelo autor:
seus leitores já eram crentes há muitos anos (5.12; 10.32); alguns de seus
líderes espirituais já tinham falecido (13.7); eles já tinham passado por
perseguição (10.32-24). Tais dados não nos permitem datar a epístola muito
cedo.
Todas essas indicações levaram os
estudiosos a datar Hebreus entre o ano 60 e o ano 70. Alguns preferem de 68 a
70, enquanto outros optam por 64 a 68.
DESTINATÁRIOS E
PROPÓSITO:
Não há, como há nas cartas de Paulo, a designação dos destinatários desta
epístola. O título HEBREUS remonta ao segundo século e reflete a convicção de
que se destinou originalmente a um grupo de judeus que se haviam convertido
através da pregação dos apóstolos (2.3).
O ponto de vista mais aceito é que esta
carta foi escrita para crentes judeus, pois não há nenhuma referência ao
paganismo e as Escrituras do Antigo Testamento e os rituais levíticos são
tratados com notável respeito, como possuidores de sanção e autoridade
conferidas por Deus.
O escritor claramente contrasta o estado
em que os destinatários se encontram com o estado em que se encontravam
anteriormente, com o que deveriam estar, e com o estado em que pareciam estar
no perigo de cair. Os crentes hebreus eram indolentes (5.11 e 6.12) e
desanimados (12.3,12). Haviam perdido o entusiasmo inicial pela fé (3.6,14;
4.14; 10.23,35). Haviam deixado de progredir na fé e sofriam de séria
deficiência no que diz respeito à compreensão e ao discernimento espirituais
(5.12-14). Estavam deixando de frequentar às reuniões cristãs (10.25) e de ser
efetivamente leais a seus líderes cristãos. Necessitavam ser exortados a imitar
a fé daqueles que os tinham precedido na viagem para a glória (13.7). Tendiam a
ser levados com facilidade por ensinos novos e estranhos (13.9). Eles começavam
a considerar o retorno ao judaísmo como um meio de evitar perseguições (4-9;
10.26-31).
Sujeitos ao sofrimento e vergonha por
sua confissão de Jesus, despojados das instituições familiares e visíveis da
religião judaica organizada e confusos pelo caráter invisível da glória de
Jesus (velada em sofrimento enquanto ele estava na terra e agora escondida no
céu), os leitores são tentados a se desviar da fé (10.38-39) e caírem em
incredulidade e assim desistirem de sua peregrinação em direção ao descanso de
Deus e à cidade de Deus (4.1,2,11; 11.10,14-16; 13.14).
Estavam mesmo no perigo de abandonar
completamente a fé, numa deliberada e persistente apostasia (3.12; 10.26), pois
haviam ficado pessoalmente desapontados com o Cristianismo porque, por um lado,
não lhes tinha proporcionado qualquer reino visível terreno e, por outro lado,
o Cristianismo havia sido decisivamente rejeitado pela grande maioria dos seus
irmãos judeus. Além disso, lhes parecia que o Cristianismo só lhes envolvera na
participação das pretensões injuriosas de um messias sofredor e crucificado. É
bem possível, portanto, que se sentissem seriamente tentados a renegar a Jesus
como Messias e tornar a abraçar os bens visíveis e preferíveis que o Judaísmo
parecia continuar a oferecer.
Esta é a razão pela qual o autor de
Hebreus se esmera em demonstrar cabalmente que Cristo é superior aos ritos
judaicos, demonstrando que todos os ritos, festas, sacrifícios, vestimentas do
Antigo Testamento apontavam para Jesus, a revelação máxima de Deus. Jesus á
apresentado como o sumo sacerdote perfeito, que oferece um sacrifício perfeito,
de uma vez por todas.
A maioria dos estudiosos contemporâneos
acredita que os destinatários originais desta epístola era uma pequena
comunidade cristã formada por antigos líderes da sinagoga, os quais se reuniam
em uma casa, ou seja, a epístola foi originalmente escrita para uma comunidade
cristã específica.
No
próximo estudo, abordaremos a introdução da epístola, constante no capítulo
1.1-4.
Até
lá e continue nos acompanhando.
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