Alô, meus irmãos,
estamos de volta com nossos textos sobre escatologia. Hoje vamos considerar o
que as confissões de fé reformadas têm afirmado sobre o tema, focando
principalmente a segunda vinda de Cristo, já que os outros pontos escatológicos
(Juízo Final, destino final de salvos e não salvos, ressurreição) são pontos
comuns entre todos os evangélicos, ou pelo menos a maioria, já que alguns são
aniquilacionistas.
A corrente
escatológica que será exposta tem sido chamada de Amilenismo, sendo este um
termo já consagrado, embora não esteja exatamente correto, pois parece que os
adeptos desta vertente escatológica negam o milênio, o que não é verdade. Alguns
autores têm proposto nomenclaturas alternativas, como “Milenismo Realizado”,
mas, como dito anteriormente, Amilenismo é o termo clássico mais conhecido.
Bem, diferentemente
dos Pré-milenistas, a escatologia reformada não crê que os 1.000 anos de Ap
20.1-6 seja um milênio literal (por isso talvez tenha surgido o nome
amilenismo). Para a escatologia reformada esses mil anos significam um longo
período de tempo e coincide com a Era da Igreja, entre a
encarnação-morte-ressurreição-ascenção de Jesus e pouco tempo antes de Sua
gloriosa 2ª vinda. Ou seja, desde o Pentecostes estamos vivendo os últimos
dias.
Segundo Ap 20.1-6, o
diabo está preso. Isso significa que ele não tem poder para impedir que o
Evangelho seja pregado a toda criatura. Esse é o milênio, que não é literal,
mas um grande período de tempo, que nós não sabemos até onde vai, mas
certamente vai encerrar pouco antes da 2ª Vinda de Cristo, quando o diabo será
solto “por pouco tempo”, ocasião em que ocorrerá o que Jesus chamou de grande
tribulação, quando o homem da iniquidade referido por Paulo promoverá uma
grande apostasia e uma grande perseguição à igreja. A 2ª Vinda de Cristo, que
será um evento único, encerrará esse “pouco tempo” de liberdade satânica. O
diabo será derrotado e lançado no lago que arde com fogo e enxofre e Jesus
instaura o Juízo Final, estabelecendo o Estado Eterno.
Sobre a 2ª Vinda é
interessante tirar algumas dúvidas acerca do chamado arrebatamento. Em primeiro
lugar não haverá um arrebatamento como ensinado pelos pré-milenistas, com uma
vinda secreta de Jesus para arrebatar os crentes fiéis e deixando os
“meia-boca” para trás, bem como os incrédulos. O termo grego para arrebatamento
é parousia. Esses termos era um termo
jurídico-administrativo e era empregado no império romano para a seguinte
situação: quando o imperador ou um seu preposto visitava uma cidade ou
província, mandava um arauto a sua frente, que avisava da chegada da
autoridade. Os funcionários públicos (militares e civis) deviam largar
imediatamente tudo que estivessem fazendo e acompanhar o arauto para
encontrar-se com a autoridade e ingressar na comitiva e todos entravam
triunfalmente na cidade.
É isso que está
descrito em I Ts 4.17. Quando Jesus vier, virá de forma visível (Mt 24.27; At
1.11), os mortos em Cristo ressuscitarão e os vivos serão transformados e todos
irão ao encontro com o Senhor nos ares e o acompanharão até a terra, onde Jesus
estabelecerá o Juízo Final.
Enquanto o
Pós-milenismo é otimista com relação à humanidade (os valores do Reino vão
influenciar a humanidade até alcançarmos um período de paz e tranquilidade) e o
Pré-milenismo é pessimista (o mundo vai piorar cada vez mais), a escatologia
reformada é realista: o mundo vai continuar como sempre foi: guerras, fome,
pecado, progresso, coisas boas e coisas ruins acontecendo ao mesmo tempo até a
volta de Cristo.
Se você quer conhecer
mais aprofundadamente a Escatologia Reformada, sugiro o livro “A Bíblia e o
Futuro”, de autoria de Anthony A. Hoekma, publicado pela Editora Cultura
Cristã. Outro livro interessante sobre o assunto é “Milênio – Significado e
Interpretações”, editado por Robert G. Clouse e publicado pela Luz para o
Caminho. Este livro tem uma dinâmica muito interessante: cada vertente
escatológica é apresentada por um estudioso que é seu adepto e recebe críticas
dos demais. Colaboraram na produção dos textos George Eldon Ladd (pré-milenismo
histórico), Herman A. Hoyt (pré-milenismo dispensacionalista), Loraine Boettner
(pós-milenismo) e Anthony A. Hoekma (amilenismo).
Comentários
Queria compartilhar também sobre um livro que descobri em um artigo do Rev. Leandro Lima: Mais Que Vencedores, do William Hendriksen. O autor trabalha o livro de Apocalipse com o que ele chama de "paralelismo progressivo". Com isso, os acontecimentos em Apocalipse 20 não sucedem o capítulo 19, mas iniciam uma nova seção paralela do livro que foca em outros detalhes e vai complementando as seções anteriores. Bem parecido com o que acontece no filme "Ponto de Vista".