ESTADO LAICO E FÉ CRISTÃ (por Rev. Flávio Américo)




No último dia 17, pudemos relembrar um antigo programa da Xuxa, pois vários deputados, enquanto votavam sobre a continuação ou não do Processo de afastamento da Presidente Dilma Rousseff, mandaram beijinhos para o mundo todo, faltando apenas o ósculo especial para a ex-namorada de Pelé.

De tanto os deputados citarem Deus, muitos jornais atribuíram ao nosso Pai essa derrota do PT. Já que é o Todo-Poderoso, como afirma a Bíblia, quem coloca e retira os magistrados, os jornalistas estavam certos, embora suas manchetes desejassem ser irônicas.

Muitos dos políticos que falaram no Criador são cristãos nominais e corruptos e só citaram Deus por questões demagógicas. Quebraram o Terceiro Mandamento e prestarão conta por isso, pois, com o Eterno, não se brinca.

Mas o que me deixou mais intrigado foi a quantidade de gente confundindo Estado Laico com Estado Antirreligioso, inclusive alguns cristãos. Esse foi um dos assuntos mais citados na mídia. Muitos afirmaram que os deputados, ao levarem em conta a vontade de Deus na hora da votação, estavam violando o caráter laico de nossa Constituição.

Vamos esclarecer as coisas: governo laico é aquele que não é confessional, ou seja, não possui religião oficial. Nessa situação, Igreja e Estado são instituições diferentes e separadas. Não há religião privilegiada, pelo contrário, todas devem ter liberdade de culto e de divulgação.

Um governo secularista, diferentemente, quer que as pessoas separem a vida em setores que não se misturam. Nessa forma de pensar, disseminada nas universidades, nas mídias e nas redes sociais, a nossa fé em Jesus Cristo deve ser vivida escondidinha dentro de casa ou, no máximo, quando estamos reunidos em nossas igrejas ou acampamentos. Para esse povo entendido das coisas, nós até podemos dizer que Jesus é senhor das nossas vidas, desde que seja das nossas vidas privadas.

Para eles, Jesus nunca pode interferir na forma como lidamos com dinheiro, cultura, política, sociedade, trabalho ou meio-ambiente, pois essas questões são meramente seculares, questões com as quais Jesus não tem nada a ver. Infelizmente, muitos cristãos engoliram essa falácia, e também confundem Estado Laico com Estado Secularista e Antirreligioso.

Biblicamente falando, meus irmãos, Jesus é Senhor das nossas vidas em todos os aspectos, isto é, nos âmbitos social, político, cultural, econômico, intelectual, pessoal, familiar, afetivo e qualquer área que você quiser adjetivar, leitor. Nós não adoramos um deus doméstico, nós adoramos ao Cristo Ressurreto, que é Criador e Sustentador de todo o Universo e que Reina à destra de Deus Pai, Todo-Poderoso. Jesus, amados, nos quer inteiros, não em pedaços.                                                                                                      

 

Comentários

Unknown disse…
[Dúvida] É possível um político cristão que esteja no poder legislativo, trabalhar com princípios e morais bíblicas porém, sem necessariamente citá-las em seu discurso? Pois eu acho que o grande problema é tentarem enfiar idéias cristãs com as justificativas de que "ta na bíblia" ou "pra Deus isso é errado" em pessoas que não são cristãs. É possível encontrar razão para os princípios cristãos ou a única forma é citar discursos rígidos e que apenas cristãos aceitariam?
Unknown disse…
Oi Flávio, eu não entendi o que vc quis dizer na parte da homosexualidade. O texto que disse " por outro lado, também defendo que..."
Flávio Américo disse…
Boa noite, Igor Lima. Acho que a questão é outra: eu, como cristão, devo pensar como cristão. Eu não separo, em nenhuma esfera da vida, para usar uma expressão conhecida, minha fé em Jesus de quem eu sou. Por exemplo, sou contra o aborto por ser cristão, por achar que não podemos tirar a vida de ninguém, inclusive uma criança em gestação, uma vez que a Bíblia proíbe tal coisa. Sou a favor que os pobres sejam tratados com dignidade porque acho que eles têm direitos inatos, por terem sido criados, assim como os ricos, à imagem e semelhança de Deus. Sou contra o roubo porque a Bíblia defende o direito de propriedade. Poderia dar muitos exemplos de coisas aparentemente "naturais" no Ocidente, mas que são, em grande medida, fruto de influência cristã.

Imagino que sua questão está mais ligada a um parlamentar, por meio de legislação, obrigar outros a serem cristãos. Se for isso, concordo com vc. Cada pessoa tem liberdade de não ser um cristão, caso não deseje. Por isso defendo a liberdade de um homem deitar-se com outro homem, caso os dois assim desejem. Portanto, sou contra criminalizar a homossexualidade, como já aconteceu no Ocidente Cristão e em regimes comunistas (e acontece ainda onde o Islã impõe a Sharia). Por outro lado, também defendo que o Estado (ou propostas legislativas de um deputado militante da causa LGBT) não pode impor às Igrejas que elas deixem de considerar pecado a homossexualidade. O que está por trás das duas idéias? O conceito de liberdade do indivíduo levar sua vida com outra pessoa e o direito de liberdade religiosa.

Sendo assim, a secularização imposta aos cristãos é mais fruto do humanismo ateu do que de uma compreensão integral da fé cristã, aliás, algo que a Bíblia claramente defende.
Flávio Américo disse…
Encontrei o erro, Mary. Obg por me informar. Jah corrigi.